Poderá ainda ser estranho para alguns perceber de que forma pode a psicologia tratar a obesidade.
“A obesidade trata-se fechando a boca”; “a obesidade trata-se saindo do sofá e fazendo exercício físico”; “a obesidade trata-se com uma banda gástrica”. É frequente ouvirmos este tipo de comentários. Não estão errados, de todo. Contudo, há uma parte fulcral que não nos podemos esquecer.
A comida não é só nutrição. A comida representa muito mais que isso, nomeadamente, amor, afeto, carinho, celebrações, refúgios e tudo isso é expresso através do comportamento alimentar. Tudo isso trabalha com o nosso psicológico e vice versa.
Portanto, se a comida representa tudo isto, a ajuda da Psicologia no tratamento da obesidade é essencial. É essencial que percebamos o que nos leva a comer de forma exagerada ou porque comemos determinados alimentos em determinadas alturas. É também essencial percebermos os comportamentos menos adequados que estamos a ter, seja com a comida, seja com o exercício físico e de que forma podemos alterar, para nos sentirmos melhor connosco próprios.
O que sente? Como se sente? O que o incomoda mais? Porque é que a comida é tão importante? E se arranjássemos novas formas de interpretar tudo isto? Novas formas de re-pensar e sentir a comida, o exercício e um novo estilo de vida? A auto estima está em baixo. Olha para o espelho e não gosta do que vê. Mas isso pode mudar!
A pessoa que tem obesidade sofre. A pessoa que tem obesidade um dia quer mudar tudo na sua vida, mas no dia a seguir não quer; porque acha que não vai conseguir, porque pensa não ter forças para lutar mais. Porque as mudanças são muitas e a ajuda é pouca. É muita coisa para fazer sozinho.
Comer pouco, comer só legumes, comer coisas que não gosta, fazer exercício físico todos os dias, não ter mais tempo para si e para fazer aquilo que mais gosta, etc. etc. Precisamos de desmistificar tudo isto, porque as concepções que temos acerca dos processos de emagrecimento muitas vezes não correspondem à realidade. Pelo menos à nossa realidade; em que há um trabalho interdisciplinar, sobretudo entre psicóloga e nutricionista e onde os gostos pessoais da pessoa com obesidade, a sua forma de vida e a entre ajuda são as bases do nosso trabalho.
Duração do tratamento? Muito variável. Depende de pessoa para pessoa, de obesidade para obesidade.
Uma coisa é certa. O mais importante de todo este processo é percebermos, em conjunto, que a obesidade é uma etapa da sua vida que pode acabar, mas para isso tem que a aceitar e perceber que quer mudar. Para isso, tem uma equipa à sua disposição e que o ajudará em tudo, e estará consigo nos momentos mais difíceis (porque eles existem e todos nós sabemos disso).
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