É já do conhecimento geral que a obesidade é uma doença que afeta milhares de pessoas e que, concomitantemente, alberga outras doenças, seja físicas, seja psicológicas.

Vários são os investigadores que se debruçam sobre esta problemática: as suas causas, as suas consequências e, acima de tudo, métodos de tratamento que possam ser eficazes.

Num estudo recente, publicado em 2017, analisaram os dados de 68,5 milhões de pessoas, para avaliar as tendências da prevalência do excesso de peso e obesidade, entre crianças e adultos, durante 25 anos (entre 1980 e 2015). Para além disso, quantificaram também o número de doenças relacionadas com o IMC (Índice de Massa Corporal), de acordo com a idade, o sexo e a raça.

Em 2015, um total de 107,7 milhões de crianças e 603,7 milhões de adultos eram obesos. Desde 1980, a prevalência de obesidade dobrou em mais de 70 países e aumentou continuamente na maioria dos outros países.

Embora a prevalência de obesidade entre crianças tenha sido menor que a dos adultos, a taxa de aumento da obesidade infantil em muitos países tem sido maior que a taxa de aumento da obesidade adulta.

O IMC elevado representou 4,0 milhões de mortes em todo o mundo, quase 40% ocorreram em pessoas que não eram obesas. Mais de dois terços das mortes relacionadas ao IMC elevado foram devidas a doenças cardiovasculares. O número de doenças associados ao IMC elevado aumentou desde 1990.

Percebeu-se ainda que este aumento da obesidade se deve, entre outros fatores, às mudanças no sistema alimentar: o aumento da disponibilidade, da acessibilidade aos alimentos com densidade energética e ao marketing que é feito em torno dos mesmos. Obviamente que a falta de exercício físico e o sedentarismo são também causas para esta doença.

 

O que deve ser feito? Nos últimos anos os investigadores propuseram uma série de intervenções, com o intuito de reduzir esta doença: restringir a propagação de alimentos pouco saudáveis ​​para as crianças; melhorar as refeições escolares; usar impostos para reduzir o consumo de alimentos insalubres; fornecer subsídios para aumentar a ingestão de alimentos saudáveis; e haver incentivos para aumentar a produção de alimentos saudáveis. Nos últimos anos, alguns países começaram a implementar algumas destas políticas, mas ainda não foi demonstrado nenhum sucesso.

Em 2013, a Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu aumento zero na prevalência do excesso de peso entre crianças e na prevalência de obesidade entre adultos. No entanto, dada o atual ritmo de aumento desta doença e os desafios existentes na implementação de políticas alimentares, alcançar esse objetivo parece improvável num futuro próximo.

 

Referência Bibliográfica: The GBD 2015 Obesity Collaborators. (2017). Health effects of overweight and obesity in 195 countries over 25 years. The New England Journal of Medicine, 977, 13-27.