Todos nós pensamos saber quais são as consequências da obesidade. O risco de contrair algumas doenças é maior, a pessoa fica com menos energia e mais pesada e não gostará tanto de si. Mas, será que é só isto? Será que a obesidade estará associada apenas a estas questões? E, se assim for, terão estas questões uma conotação tão banal, como lhe estamos agora a dar? Veja a seguinte lista das várias causas a que a obesidade poderá estar ligada; sem nunca se esquecer das proporções que esta doença pode alcançar, seja a nível físico ou mesmo a nível psicológico. A prevenção torna-se, sem dúvida, o alicerce para combater esta doença. Se tal não for possível, especialistas da área devem-se unir e realizar um trabalho multidisciplinar com estes doentes. A nutrição tem de ensinar a comer (estas pessoas não sabem comer bem); a estética tem de ajudar a que se sintam melhores, fisicamente; a psicologia tem de mudar os pensamentos e comportamentos associados ao acto de comer; tem de dar à pessoa estratégias e ferramentas para lidar com um novo estilo de vida (e não com apenas mais uma dieta).
- Consequências físicas
A obesidade é considerada hoje uma doença crónica que provoca ou acelera o desenvolvimento de muitas outras doenças, nomeadamente dislipidémias, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo II, certos tipos de cancro; infertilidade; doenças da vesícula, hipertensão e doenças do sistema circulatório. Além disso, é ainda responsável por dificuldades respiratórias, problemas dermatológicos e distúrbios do aparelho locomotor. A morte prematura também se relaciona com esta doença.
Portanto, muitas patologias estão associadas à obesidade e, além disso, a falta de energia e a mobilidade reduzida são consequências imediatas, que o condicionam constantemente.
- Consequências psicológicas
Sabe-se, hoje em dia, que a obesidade cria um grande sofrimento psicológico interno. As pessoas sofrem devido a uma série de factores, nomeadamente, por sentirem-se desiludidas consigo próprias. Sentem que não têm controlo sobre si e sobre a sua alimentação. Não têm confiança, sentem-se mais isoladas e humilhadas. Não têm motivação, por vezes, para continuar em frente e para dizer basta! Isso poderá levar a uma menor auto estima e sentimentos de inferioridade. O espelho, sem dúvida, torna-se o pior inimigo. E, associado a todas estas consequências, junta-se a ansiedade e a depressão. A ansiedade e depressão por não serem aquilo que desejam; a ansiedade e depressão por não conseguirem sentir-se bem consigo próprias e, consequentemente, a comida vem “ajudar” a tranquilizar essa ansiedade/depressão. No entanto, é apenas uma ajuda emocional; pois não é a comida que acalma a ansiedade/depressão, ela acalma apenas o seu pensamento e as suas ideias.
Além disso, a sociedade não ajuda: há um preconceito social e uma discriminação contra a obesidade. Os olhares não passam despercebidos, mesmo que nem seja por mal.
Desta forma, torna-se essencial que procure a ajuda de um psicólogo, para que possa aprender a emagrecer, sem que isso seja o “fim do mundo”; aprender a controlar-se e a motivar-se; aprender a ter mais confiança e a saber dizer não. No fundo, aprender a gostar mais de si e a perceber que você próprio é mais importante do que a obesidade ou do que comer em excesso.
- Consequências económicas
Medicamentos, comida em excesso, médicos, enfim, uma série de coisas que levam a que se gaste muito dinheiro, com esta problemática. E estou a falar do dinheiro gasto por cada pessoa, a nível individual. Se formos a pensar nos custos que esta doença representa no País, somos transportados para números exurbitantes. Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que cerca de 2 a 8% dos custos totais com a saúde nos países ocidentais possam ser atribuídos à obesidade. Para vos dar um exemplo concreto, no ano de 2002, calcula-se que o custo tenha ascendido, em Portugal, a praticamente 500 milhões de euros, repartidos entre 82,3 milhões de euros para o tratamento em ambulatório da obesidade e co-morbilidades; 87 milhões de euros para o internamento; 128 milhões de euros para o consumo de medicamentos; 83 milhões de euros em perdas de produtividade associadas à incapacidade temporária e, por último, 116,6 milhões de euros em perdas económicas relacionadas com a mortalidade prematura. Com valores desta dimensão, torna-se claro aquilo a que diversas pessoas têm vindo a chamar a “epidemia da obesidade”.