“Durante a nossa vida, temos sempre várias opções de escolha. Podemos escolher melhor ou pior, mais conscientemente ou não mas, no fundo, temos que o fazer. “Preferes comer carne ou peixe”? “Preferes beber café neste café ou no outro”? “Preferes ser médico ou advogado”? “Preferes viver no campo ou na cidade?”

“Preferes emagrecer ou engordar”?

Sim isto também é uma escolha e fui-me apercebendo disso ao longo da vida. Ao início não. Não fazia ideia de que estava a traçar o meu caminho com as minhas escolhas mas depois, pouco a pouco, fui realmente percebendo que era eu quem decidia o que queria para mim e para o meu futuro. E ser obesa não era, definitivamente, um objetivo, ou um sonho.

Com 32 anos pesava cerca de 90 kg. Sou baixinha, meço 1,58cm. Portanto, estava com um IMC (índice de massa corporal) acima do normal, revelando já obesidade. Como é que tinha chegado até aqui? Foi o que me perguntei naquela consulta a que fui. Sabia que estava a engordar, que tinha “uns quilinhos a mais” (era o que dizia para mim constantemente), mas não sabia que já era uma pessoa com uma doença, chamada obesidade.

Entrei em choque. Não quero fazer comparações parvas, mas talvez seja a mesma coisa que dizer a um fumador que tem cancro do pulmão. Não é que a obesidade seja um cancro, mas é a obesidade que me poderia levar a isso e a muito mais.

Senti o mundo desabar. “Só estás mais gorda, tem calma”, diziam-me as pessoas. “Isso não é o fim do mundo, há tanta gente assim”. Eu sei. Eu sei disso, mas não quero ser uma doente. Muito menos devido às minhas escolhas imaturas. Decidi fazer o que tinha de ser feito. O que o médico me recomendou. Levei-o à risca. Porque se tivesse um diagnóstico de cancro do pulmão, deixaria de fumar naquele instante. E foi mais ou menos isto que aconteceu. Deixei de comer nesse instante em que soube que tinha obesidade.

“Mas tu não sabias que estavas gorda?, muitos me perguntavam isso. Eu não sabia. Não tinha essa perceção, porque fui deixando andar, porque não me pesava, não me importava e não olhava para mim própria.

E então decidi escolher outro caminho. Escolhi ser saudável. Para acabar com a obesidade, para não ter outras doenças associadas mas, sobretudo, para ser mais feliz e ter mais qualidade de vida.

Foi difícil? Claro que foi. Gostava mais do outro caminho que tinha escolhido, dava-me mais prazer e não me cansava tanto. Mas nesta nova escolha aprendi que outras coisas e outros alimentos também me podem dar prazer e, sobretudo, que o exercício físico, apesar de me “matar”, é maravilhoso.

Mas mais difícil que todas estas mudanças, seria eu ter de ficar numa cama de hospital por causa desta maldita doença que ainda poucos se preocupam: a obesidade. E eu escolhi ser diferente e fazer algo por mim.

E tu, o que escolhes? Emagrecer ou ter obesidade?”

(Testemunho de “Filipa”)