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A necessidade em conservar alimentos, aumentando lhes o tempo de vida útil, com as caraterísticas nutricionais e organoléticas desejáveis, é muito recorrente nos nossos dias. A técnica de conservação de alimentos através do frio é das mais práticas e recorrentes para as famílias. O frigorífico é o equipamento de conservação mais importante numa cozinha. Aqui, são colocados todos os alimentos como: frutas, vegetais, iogurtes, ovos, carne e peixe fresco e, tantos outros alimentos, incluído refeições já confecionadas.

Mas há muitas coisas que desconhecemos, quando guardamos os alimentos no frigorífico. Sabia, por exemplo, que  quanto maior a percentagem de água na sua composição, maior a sua susceptibilidade a alterações? Por esta razão, uma taça de morangos perde as qualidades de frescura mais cedo que uma taça de rabanetes.

Sabia que deveria reduzir o número de vezes que abre a porta do frigorífico? Que não devia colocar alimentos demasiadamente quentes no seu interior? Que deveria colocar os alimentos em prateleiras e compartimentos de acordo com a temperatura mais adequada para a sua melhor conservação? Que não deveria deixar alimentos encostados nas paredes do frigorífico? Pois é, são tudo estratégias que deveríamos adotar mas, muitas vezes não o fazemos, porque nem sequer sabíamos.

A facilidade de conservação dos alimentos no frigorífico é enorme e, por este motivo, para muitos utilizadores o frigorífico pode conservar todo e qualquer alimento… O que não é bem verdade, pois existem alimentos que quando colocados no frigorífico, estamos a reduzir o seu tempo de vida útil com as características físicas, organoléticas e nutricionais que o consumidor deseja (precisamente o oposto do que se deseja).

Verifique se comete os mesmos erros, se tem por hábito guardar no frigorífico:

  • Tomate: Este alimento não deve ser guardado no frigorífico caso pretenda consumi-lo fresco, em saladas ou lanches. A exposição às temperaturas baixas permite que a membrana celular, que reveste todas as células se rompa, permitindo que o conteúdo intracelular atinja os tecidos extracelulares. Assim sendo o tomate, quando guardado no frigorífico, perde algumas caraterísticas nutricionais e perde também a sua textura fresca e firme, para adquirir uma textura farinácea. No tomate verde, o seu processo de amadurecimento, que é o que dá sabor e valor antioxidante, não acontecerá. Logo, o alimento perde a sua função nutricional e defensiva da doença. O tomate deverá ser armazenado na cozinha, numa taça de vidro ou cesta de verga, de preferência de cabeça para baixo.
  • Cebola e Alhos: Muitas vezes só utilizamos metade destes alimentos, para a confeção de algum prato, e armazenamos a outra metade no frigorífico. No caso da cebola, aparentemente, até 2 dias, ela pode apresentar boa qualidade, mas do ponto de vista nutricional e organolético, pode não estar aceitável. Este alimento, um bactericida natural, absorverá agentes patogénicos que poderão estar no interior do frigorífico (situação natural, pois os alimentos transportam agentes patogénicos), água e odores. A sua textura sofre alterações, deixando-a adquirir uma textura mais macia e um odor a mofo. No caso dos alhos, o seu armazenamento no frigorífico, fará com que deixem de ser comestíveis. Adquirem uma textura mais seca. Ambos os alimentos deverão ser armazenados num local fresco, seco e escuro, de preferência pendurados. No caso de existirem excedentes, o que mais facilmente acontece com a cebola, coloque-a num recipiente de vidro, com folha de papel dupla no fundo, e devidamente fechado. De qualquer das formas evite o seu consumo passados 2 dias de armazenamento.
  • Bananas, Pêssegos e Ameixas: Para muitos a questão da banana já não representa surpresa. Este fruto quando colocado no frigorífico perde toda a sua riqueza nutricional e atração sensorial, pois ficam escurecidas, pastosas e com aroma alterado. Isto acontece porque facilmente absorvem humidade que, associada à baixa temperatura, anula o seu amadurecimento natural. Os pêssegos e as ameixas ficam com a sua textura mais seca e pastosa e ainda podem apresentar uma pele rugosa.
  • Melão e Melancia: Estes frutos não deverão ser armazenados no frigorífico antes de abertos e, ainda assim, depois de abertos deverão ser armazenados por um curto período de tempo (até 6 horas). A ação da temperatura fria impedirá que o fruto amadureça, quando ainda fechado, assim como compromete a ação antioxidante e fitoquímica (carotenos) destes alimentos. Depois de abertos, mostra facilidade em absorver outros odores e a oxidarem rapidamente, conferindo um sabor a mofo, especialmente a melancia.
  • Abacate: Este fruto, quando ainda verde e colocado no frigorífico, adquire um aspeto escuro e sem o paladar desejado. Assim como a banana, o seu processo de amadurecimento, necessário para adquirir a textura, sabor e aroma desejado, jamais acontece. Logo, se os compra verdes, deixe-os permanecer num local seco, escuro e fresco. Pode ainda, de forma a acelerar a sua maturação, deixá-los enrolados em papel de jornal, nas condições anteriormente descritas.
  • Mel: Este alimento jamais deverá ser guardado no frigorífico. As alterações na sua composição, proporcionadas pelas baixas temperaturas, adulteram esta iguaria. O frio promove a cristalização dos açúcares, fazendo com que o mel adquira uma textura rija e de difícil utilização. Prefira sempre deixá-lo em ambiente seco, fresco e protegido do calor e luz solar.
  • Manjericão: Esta erva aromática apresenta um tempo de vida útil muito reduzido se colocado no frigorífico. A temperatura baixa fará com que seque e murche. Sem contar que o seu paladar se altera rapidamente, uma vez que esta erva aromática absorve com facilidade os odores de outros alimentos ou mesmo refeições já confecionadas que se encontrem em seu redor.  Para uma melhor conservação prefira colocá-lo num copo com água, na bancada da cozinha.
  • Azeite: Não é usual colocarmos o azeite no frigorífico, mas poderá acontecer. A baixas temperaturas, esta gordura solidifica, assume um aspeto pastoso, idêntico ao da manteiga. As suas caraterísticas nutricionais não sofrem alteração, contudo, esta gordura absorve odores, deixando de apresentar a sua maior caraterística organolética, o sabor. Atualmente, e muito motivado para a reeducação alimentar, existem sugestões de manteiga de azeite, para substituir a utilização da manteiga de origem animal, por esta ser rica em gordura saturada, colesterol e gordura hidrogenada – três fatores que reduzem a saúde cardiovascular. Caso opte por fazer manteiga de azeite, utilize ervas aromáticas como o poejo, os orégãos, a pimenta em grão, alecrim e até mesmo o alho. Nestes casos, acondicione em frascos de vidro hermeticamente fechados.
  • Limão: Este fruto depois de aberto não deverá ser deixado no interior do frigorífico. Para não falar da sua rápida oxidação e perda de vitaminas, o limão e um “desodorizante” natural, pelo que absorvera os odores do seu frigorífico, assim como gases, naturalmente presentes neste equipamento. Caso precise de armazenar um limão cortado, isole-o com pelicula aderente e ainda assim coloque-o dentro de um recipiente de vidro hermeticamente fechado. Prefira consumi-lo o mais breve possível (até 6 horas).

A arrumação e correta higienização do frigorífico pode ajudar a minimizar todas estas alterações nos alimentos. Ficam algumas dicas:

Nunca se esqueça que as zonas mais frias são as zonas mais próximas do congelador (isto para o frigorífico comum, combinado de refrigeração e congelação) e, assim sendo, prefira a primeira prateleira para iogurtes e outros alimentos que tenham sofrido tratamento térmico, como por exemplo os leites e queijos pasteurizados; as prateleiras do meio são ideais para refeições já confecionadas (excedentes alimentares); na prateleira junto às gavetas, por se tratar da zona mais fria, deve colocar alimentos (frescos) crus, como o peixe fresco ou carne fresca, charcutaria, bolos ou doces com cremes; e, por fim, as gavetas: onde deve armazenar frutas, legumes e vegetais, tendo sempre a atenção em separar os mais perecíveis dos mais contaminantes, por exemplo, não deve misturas uvas, diospiros ou morangos com vegetais que transportem terra, como cenouras, couve, entre tantas outras hipóteses.

Para que estes fatores corram como desejamos, a gestão das comprar é fundamental. Evite trazer grandes quantidades para casa. Opte por fazer uma lista de compras, que pode estar enriquecida com sugestão de pratos a confecionar para a semana. Assim, evitará a situação dos excedentes alimentares, tal como a presença dos alimentos, especialmente os frescos, por longos períodos no frigorífico.

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