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Sabemos que a obesidade é uma doença que afeta milhões de pessoas, em todo o mundo; e sabemos também que tem consequências terríveis para a saúde de um indivíduo. Há até mesmo quem defenda que “pela primeira vez na história da sociedade moderna, uma geração está em risco de reverter, em vez de aumentar, a esperança média de vida” (Daniels, 2006).

Associado às consequências físicas, vêm as consequências psicológicas, que são uma preocupação constante para quem trabalha com esta temática mas, sobretudo, para quem a vive.

Claro está que quando falamos nesta doença, não podemos focar-nos somente na pessoa; há várias valências que devem ser estudadas e trabalhadas, nomeadamente a família, a escola (se falarmos de obesidade infantil), o sistema de saúde, o governo, a indústria e os media. Mas isso são outras questões que não importam abordar minuciosamente aqui…

A relação entre a obesidade e as variáveis psicológicas e sociais é de extrema complexidade, pois estas podem ser desencadeadoras da obesidade, uma consequência da obesidade, podem estar associadas à obesidade e podem ainda afetar a própria intervenção na obesidade (Hassink 2007). Depressão, ansiedade, isolamento, stress psicossocial, baixa auto estima, são tudo problemas que estão na eminência de surgir (ou que já se manifestaram antes).

 

Mas há recursos psicológicos internos existentes em cada um de nós que podem ser usados, quando são benéficos e adaptativos, e que podem ser muito importantes no comportamento de autoregulação e, consequentemente, na perda de peso.

De acordo com isto, e com a Teoria da Autodeterminação (Deci and Rayan, 1985), sabe-se que existem três necessidades psicológicas básicas que, quando satisfeitas, aumentam a motivação e a saúde mental.

Essas três necessidades são: a competência (sentimento de confiança na realização de uma tarefa), a autonomia (perceção de liberdade de escolha, vontade própria na tomada de decisões) e as relações positivas (vontade de estar com os outros, cuidando-se e sendo cuidado por estes).

Quando temos indivíduos que não conseguem promover estas suas habilidades, há que conseguir ajudá-los. Neste caso, a ajuda de um psicólogo é fundamental, nomeadamente, no suporte à autonomia (ouvir com empatia; fornecer racionais para a mudança, proporcionar escolhas, etc.); na estrutura (feedback preciso e realista em relação ao resultado do comportamento) e o envolvimento (o compromisso genuíno no apoio ao bem estar).

 

Portanto, com estas três necessidades psicológicas básicas, o indivíduo ficará mais motivado para conseguir aquilo que quer. Neste caso, a perda de peso. E segundo vários autores, a motivação parece ser a variável mais crítica na manutenção da mudança (Ryan & Deci, 2000).

É maximizando as possibilidades da pessoa experienciar autonomia, competência e relacionamento positivo, que a autoregulação dos comportamentos saudáveis é mais provável que seja internalizada e a mudança de comportamento seja mantida.

 

Bibliografia: Mangia, P. (2012). Aventura Social: Promoção de Competências e do Capital Social para um Empreendedorismo com Saúde na Escola e na Comunidade. Volume 1 – Estado da Arte: Princípios, actores e contextos.

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