Era uma vez uma cobra. Ela vivia num lugar que tinha muitas casas, muitas culturas e muitas pessoas. A cobra sentia-se sozinha e triste. Todos os dias tentava ir até às culturas para encontrar alimento, mas em vão. Era sempre expulsa pelos humanos. Até que um dia apareceu um mágico que lhe poderia concretizar um desejo. Então, ela desejou vingar-se de todos os humanos e pediu uma poção mágica que os pudesse tornar infelizes, tal como a tinham deixado a ela. Assim foi; ele deu-lhe essa poção e ela deitou-a em todos os produtos que os humanos cultivavam. Passado algum tempo, ela notou que as pessoas estavam diferentes; pelo menos fisicamente. Estavam mais gordas, andavam mais cansadas e notava-se que tinham mais problemas. No entanto, pareciam estar com a mesma alegria de sempre; e não era isso que estava acordado com o mágico.
Irritada, a cobra foi ao mesmo sítio onde tinha encontrado o mágico, pela primeira vez, para falar com ele:
– Mágico, tu mentiste-me. Disseste que esta poção iria tornar os humanos infelizes, mas não foi isso que aconteceu. Eles continuam felizes.
– Cobra, o que te disse é verdade. Esta poção irá torna-los infelizes. Só não disse quanto tempo isso demorará ou se eles conseguirão mostrar-te essa infelicidade.
Anos mais tarde, a poção do mágico tinha começado a dar os seus efeitos. As pessoas andavam muito tristes, cansadas e, por vezes, mal saiam de casa. A cobra, finalmente estava feliz. No entanto, começaram a existir uns rumores sobre a existência de um cão que conseguia devolver a felicidade aos humanos. Irritada com tudo isto, a cobra volta novamente ao mágico e, qual não é o seu espanto, quando vê o cão com ele.
– O que é que se passa aqui afinal, mágico? – pergunta a cobra.
– Olá cobra. Infelizmente as notícias que tenho para ti não são as melhores. A poção que te dei, de facto, era muito eficaz a deixar os humanos infelizes, mas o cão conseguiu fazer com que isso se invertesse.
– Como é que tu conseguiste isso, cão?
– Bastou-me conversar com as pessoas e perceber os seus problemas. Bastou-me dizer às pessoas que isto seria apenas uma fase e que, juntos iríamos melhorá-la. Bastou-me dizer às pessoas que todos os comportamentos que elas têm podem ser alterados. Bastou-me dizer às pessoas que elas conseguem, basta quererem.
– Como é que tu te chamas, cão? – pergunta a cobra, intrigada com tudo aquilo.
– Psicologia, cobra. E tu?
– O nome dela é obesidade – respondeu o mágico.