A Drª Ana Filipa Baião, Nutricionista, e a Drª Mafalda Leitão, Psicóloga, escrevem sobre a dificuldade que há em emagrecer e porque é tão difícil conseguirmos fazê-lo.

“Hoje em dia compensamos tudo com a comida. Ao fim de um dia de trabalho stressante, cansativo e problemático, é mais fácil comer um chocolate para compensar do que arranjar outra forma de compensação. Assim como é mais fácil ficar no sofá o fim de semana inteiro, em vez de ir fazer uma caminhada.

E então o que fazer para perder peso?

Antes de mais mentalize-se que para perder peso terá de fazer cedências. Não estamos com isto a dizer que terá de ser infeliz, mas a verdade é que o excesso de peso que verifica agora é o resultado de muitos erros. Por isso, se continuar a cometer os mesmos erros, não pode esperar resultados diferentes, certo?

Deve consultar um nutricionista, que terá como função definir o melhor plano alimentar para o seu caso específico, atendendo às intolerâncias alimentares que eventualmente tenha e ainda as suas caraterísticas metabólicas e o estilo de vida. A primeira fase de intervenção nutricional deve promover uma desintoxicação orgânica, que vai permitir que os órgãos e as vias de excreção desintoxiquem, o ph sanguíneo, o intestino e a função renal sejam normalizados e a digestão e o apetite regularizados. Os primeiros dois quilos acabam por ser perdidos facilmente devido a esta normalização dos compartimentos hídricos e de função hepática.

Mas não pense que a ajuda de um nutricionista é suficiente. Muitos desconhecem, mas um psicólogo é fundamental nos casos de emagrecimento, não só quando decide perder peso, como na manutenção. É preciso ganhar força de motivação e vontade, e perceber que a perda de peso não tem de ser um sacrifício. Há pensamentos que ocorrem frequentemente e não são adaptados à realidade. Ou seja, são distorções cognitivas. Esse trabalho é essencial, especialmente porque permite perceber o que faz de errado e por que razão não consegue perder peso.

Há também um motivo para andarmos sistematicamente a fazer dieta: é que a maioria das dietas falham! Especialmente porque não conseguimos mudar a nossa forma de pensar, nomeadamente, como vemos a dieta e a forma como vemos o novo estilo de vida saudável. Temos de encontrar um equilíbrio entre corpo e mente, porque só assim conseguiremos resultados satisfatórios e duradouros. E, ao mudar a mente, somos capazes de controlar impulsos com a comida e conseguimos ter autocontrolo das situações da vida, originando o tal equilíbrio corpo-mente. Todos temos pensamentos bons (adaptativos) e pensamentos maus (não adaptativos). O grande problema das dietas e responsável por fazer com que falhem é precisamente esse: o pensamento mau já está “gravado” na mente. Ao alterá-lo e transformá-lo em pensamento bom, as coisas serão muito mais fáceis e a dieta começa a dar lugar a um novo estilo de vida saudável. E isto implica enfrentar os nossos maiores defeitos, incapacidades e limitações. E é importante fazê-lo com a ajuda de um psicólogo, que o ajudará a perceber o porquê de ter chegado onde chegou e ensinar a fazer tudo o que precisa para sair de tal situação.

Perder peso é relativamente fácil, mas manter o peso é bem mais exigente do ponto de vista da disciplina, do rigor e da manutenção de hábitos, comportamentos e estilo de vida. A continuidade das visitas ao nutricionista e ao psicólogo do emagrecimento, embora mais espaçadas no tempo, são o fator decisivo para que o paciente não se sinta perdido, não desmotive e não deixe de vigiar o peso e a percentagem de massa gorda.”